quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Homens Bons

Houve uma época em que fazer uma tatuagem era um ato de rebeldia e despertava preconceitos. Mas isto foi no tempo da pureza e da desinformação, quando a gente não estava a par de outros motivos para se assustar. Hoje sabemos que bandidos podem usar terno e gravata, que bandidas podem ser mães de bebes e que uma tatuagem não estigmatiza ninguém, é apenas uma forma de expressão, um recurso para não se deixar globalizar nesse mundo onde todos se parecem e tudo é descartável. Minhas duas filhas possuem tatuagem e não consta que sejam menos confiáveis do que jovens que mantém a pele imaculada. Caso elas tivessem idade e preparo físico para ser salva-vidas, estou certa de que prestariam um serviço da melhor qualidade. No entanto, elas tem idade e preparo físico para serem vítimas de afogamento, como qualquer um de nós. Eu não ficaria nem um pouco aborrecida se um voluntário com um dragão  desenhado no bíceps as tirasse do mar a tempo de elas não constarem das estatísticas absurdas das fatalidades deste verão 2011. Ao contrário: eu é que talvez elevasse o número de tatuados. Pelo menos a inicial desse super-heroi eu levaria pra sempre no meu tornozelo direito.

Martha Medeiros, Jornal Zero Hora, 19/01/2011

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