sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O que posso fazer pela minha cidade?

Em plena década de 1960, quando os EUA estavam dando um novo salto de desenvolvimento, o então presidente John Kennedy provocava o povo americano com a seguinte questão: "Não pergunte o que o país pode fazer por voce. Pergunte o que voce pode fazer pelo país". Atualizando e parafraseando a questão do grande presidente americano, acredito que a pergunta que devemos fazer é a seguinte: "Pergunte o que a sua cidade pode fazer por voce. E pergunte o que voce pode fazer pela sua cidade".
É absolutamente legítimo e natural que todos desejem que a sua cidade lhes proporcione a melhor qualidade de vida possível. Todos pagam seus impostos, escolhem seus vereadores e prefeito e desejam ter uma contrapartida adequada no que diz respeito `a prestação de serviços nas áreas da saúde, educação, transporte público, saneamento básico e assim por diante. Deste modo, é absolutamente necessário que o cidadão esteja vigilante, cobrando tudo aquilo que entende que a cidade deve lhe oportunizar para melhorar o seu cotidiano.
O grande problema é que, de modo gradativo, estamos nos esquecendo de indagar "o que podemos fazer pela nossa cidade?". Felizmente, Porto Alegre é uma metrópole onde a participação democrática da população é um verdadeiro exemplo para o mundo. São milhares de pessoas que participam ativamente do Orçamento Participativo, das associações comunitárias, dos Conselhos Municipais da Criança, das Mulheres, da Saúde, da Assistencia Social etc.
Mas o outro lado da moeda tem demonstrado que ainda existe uma parcela significativa da nossa população que desconhece os direitos e interesses coletivos. Ou seja, desejam usufruir(legitimamente) de todas as benesses oferecidas pela cidade, mas não estão preocupados em dar uma parcela da sua colaboração para torná-la ainda melhor. Basta andar pela cidade e perceber quantos indivíduos jogam lixo no chão, quantos monumentos encontram-se pichados, quantas paradas de onibus foram depredadas, quantas lixeiras foram quebradas, quantos motoristas deixam de cumprir com a sinalização de transito, quantas árvores foram quebradas na via pública, quantos não conservam a calçada defronte ao seu prédio, e assim por diante. E isso não ocorre somente na Capital e nem tampouco é exclusividade das grandes metrópoles.
Imediatamente, todos reclamam, de forma legítima, que (a cidade, por meio do) o poder público tome as devidas providencias para sanar o problema. Acabamos esquecendo, porém, de que tudo isso vai sair dos nossos próprios bolsos e que o município terá que investir, na recuperação, coleta e campanhas de esclarecimento, recursos que poderiam estar sendo mais bem alocados para politicas sociais de inclusão de quem mais necessita do apoio.
Como prefeito, assumo totalmente a responsabilidade que a prefeitura possui para dar as melhores condições possíveis a população. E quero continuar aperfeiçoando os serviços públicos. Mas enfatizo o questionamento: o caro cidadão e leitor está dando a sua contribuição para melhorar a nossa cidade?

JOSÉ FORTUNATI - Prefeito de Porto Alegre, Jornal Zero Hora, Artigos, 19/01/2011

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