domingo, 29 de agosto de 2010

Cartão SUS, um fracasso tucano-petista

José Serra e Dilma Rousseff compartilham o fracasso da implantação do Cartão SUS, um projeto anunciado em 1997, que já comeu R$ 400 milhões da Viúva e até agora deu em nada. Fez água até mesmo em municípios onde seria realizada uma experiência piloto. Nada melhor que uma campanha eleitoral para que digam como pretendem consertar o desastre. A ideia era boa: cada cidadão ganharia um plástico em cuja fita magnética estaria gravado seu histórico médico. Mataria a pau certas fraudes, facilitaria a cobrança do ressarcimento nos casos de clientes da rede de convênios privados e seguradoras. Desbastaria a floresta burocrática da saúde pública.
No final de 1997, quando o governo anunciou a novidade, o uso da Internet na rede bancária ainda engatinhava. Passaram-se 12 anos e 31% das transações dos brasileiros são feitas em computadores pessoais. A rede tornou-se a principal plataforma de acesso ao sistema financeiro, com R$ 8,4 bilhões de transações por ano, R$ 23 milhões por dia. (O SUS faz R$ 1,3 bilhão de de transações anuais.) Para a banca , funcionaram o interesse e a vitalidade da iniciativa privada. No Ministério da Saúde, prevaleceram o desinteresse, a cobiça dos intermediários de fornecedores e o horror que a burocracia da saúde (pública e privada) tem da transparência.
Dilma e Serra já fizeram duas palestras sobre saúde, esbanjaram platitudes e não tocaram no assunto. Assim como no caso do fracasso do ressarcimento do SUS pelas operadoras privadas, exercitaram o que a professora Lígia Bahia chama de "elipse discursiva". Se os candidatos não sabem o que fazer, podem pedir à Febraban que envie uma força-tarefa ao Ministério da Saúde para coordenar o projeto. Não se trata de explicar o que deu errado, nem de jogar a responsabilidade sobre a administração alheia. Bastam alguma honestidade no reconhecimento do fracasso e um compromisso com metas de custos e de prazos.
Quando Serra era ministro da Saúde, o PT acumulou denúcias contra as licitações do Cartão SUS e chegou a pedir a criação de uma CPI.Os companheiros estão há sete anos no governo e não fizeram nada, nem CPI. O ministro José Gomes "ordenou em 2008 a reformulação" do projeto.
Até hoje, nada. Novas licitações, novos estudos e novas brigas resultaram no seguinte: milhares de terminais continuam empacotados, com sistemas operacionais e aparelhos caducos. Tanto no mandarinato tucano como no petista, o Cartão SUS só funcionou para empulhações publicitárias. Se blablablá tucano resolvesse, em 1998 o sistema estaria implantado. Pela parolagem petista, desde 2001 haveria pelo menos 44 cidades servidas pelo cartão, beneficiando 13 milhões de pessoas.
O fracasso é explicado por diversos fatores: megalomania, guerras burocráticas, inépcia, ignorância, mais as velhas e boas redes de compadrio. Sempre que o governo precisa da Internet para tomar dinheiro da choldra, sua capacidade é escandinava. Quando se trata de recorrer à informática para melhorar o serviço público, empilham-se desastres, espertezas e propaganda enganosa. Se Dilma e Serra fizerem só aquilo que seus governos prometeram e não entregaram, Fernando Henrique Cardoso e Lula lhes agradecerão.
Dilma e Serra dizer o que farão com plano que torrou R$ 400 milhões.

Élio Gaspari, opinião
jornal Correio do Povo, 07/07/2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Luta dos Lobos

Hoje não estou a fim de pensar. Estou a fim de contar uma história. Talvez ela lhe ajude, como me está ajudando, a encurtar o caminho para o nosso assunto de hoje. Um guru contava para seu grupo de seguidores o seguinte:
 - Todos nós temos dentro do peito dois lobos. Eles vivem em batalha feroz. Um lobo é a infelicidade, que se manifesta em nossas raivas, ódios, preocupações, invejas, tudo de ruim, enfim. O outro lobo é o da felicidade, que se manifesta em nossa alegria, amor, confinça, paixão, generosidade, em nossas virtudes, no que há de bom em nós e no que somos. Esses dois lobos estão sempre se atacando.
Foi aí que um discípulo, atento, muito interessado, levantou o dedo e perguntou ao guru:
 -  E qual desses lobos vence a luta?
Sem piscar, o mestre respondeu:
 - O lobo que você alimentar...
E eu te pergunto: que lobo costumas alimentar? Não seriam essses lobos os pensamentos positivos e negativos?

Luiz Carlos Prates, coluna Ponto Final, jornal Diário Gaucho - 17/08/2010
atendimento.dg@diariogaucho.com.br

Por que chorar?

"A noite daquele sábado já ia adiantada. Decidi parar na lanchonete próxima à residência. Mal entrei, o amigo  estendeu as mãos em minha direção e começou a falar: "Frei, pode marcar, eu vou ficar doente. Eu já não suporto mais. O Grêmio pode ir para a segunda divisão. E eu irei com ele. Até a pé nós iremos, para o que der e vier...Tem mais: nós já fomos para a Segunda Divisão e retornamos, ressuscitamos na Batalha dos Aflitos e voltamos mais fortes para a Primeira Divisão. Outros times fizeram a mesma coisa. Segunda Divisão não teria problema algum para nós, gremistas. Porém, Frei, eles serão campeões de novo.Éssa é uma dor que penetra fundo demais. E isso é insuportável. Eu já sei, ficarei doente. O senhor terá que ir me visitar no hospital. E se puder, me arrume um emprego numa emissora de rádio da Serra, que irei de mala e cuia para lá."
Outro amigo meu comentava: "Frei, quando o Inter joga à noite, eu me ponho na cama mais cedo, na esperança de ter um sono tranquilo, sem interrupção. Entende o que eu quero dizer? Penso que ele perderá. Lá pelas tantas, eu acordo com um grande rumor em toda a cidade. Ligo o rádio e, para minha desgraça, fico sabendo: o Inter ganhou mais uma. Não quero acreditar no que ouço. Eu me belisco. Lá fora, a escuridão confirma que é noite. Penso estar sonhando. E o pesadelo retorna. Amanhã, outro dia surgirá e eu deverei aguentar no osso as observações dos meus amigos".
Se dependesse de uma amiga da Capital, a cor vermelha não existiria mais.
Enquanto o assunto é futebol,tudo bem. Porém, isso, ocorre em outras circunstâncias. Por que chorar pelas vitórias alheias? Como justificar nossa alegria ser maior pela derrota dos outros do que por suas conquistas?


Frei Irineu Costella, coluna Ponto de Vista, jornal Diário Gaúcho - 17/08/2010   

Estupradores Absolvidos

Este fato aconteceu em Santa Catarina em meados de maio passado próximo.
Convidada por dois amigos para uma visita ao apartamento de um deles, uma adolescente de 14 anos foi propositalmente embriagada e, constatada a embriaguês, forçada a manter relações sexuais com os 'amigos'. Ela, 14 anos; eles, 15/16 anos.
Todos menores de idade.
 Ela, uma adolescente de família comum.
Os desgraçados, filhos de "bacanas":
Um, de sobrenome Sirotsky, o outro, filho de  graduado policial civil.
Eles não negaram a relação sexual.
Negaram o estupro, negaram o crime, esses ordinários.
Mas se ela não quis o ato, não permitiu o assédio e mesmo assim foi consumado, então nós temos o crime, agravado pelo entorpecimento da vítima.
Tomei conhecimento do fato tempos depois por outro meio de comunicação.
Fui buscar informações na imprensa local e para minha surpresa, apenas um veículo de mídia, deu atenção ao caso, não por acaso, a concorrência.
Mas a concorrência não fez disso uma bandeira, absteve-se dos personagens principais e focou no fato.
Chamou-me a atenção o fato de não ter saído uma única linha sobre o caso em nenhum meio daquele grupo do qual um dos '213'(código penal) é herdeiro.
Nem seus conceituados jornalistas, que se dizem parte de um jornalismo isento, fizeram quaisquer comentários. Fiquei muito decepcionado com essa postura.
Resolvi escrever sobre este caso após o julgamento dos safados.
Não deveria ter ficado surpreso, pois a justiça daquele estado decidiu, sem a presença da vítima e seu defensor, apenas com as partes acusadas, que não houve estupro.
Erraram os investigadores, os peritos, a acusação era infundada, blá, blá.
Justiça, aquela, controversa pois os estupradores  responderam ao processo em liberdade por não oferecerem risco(?) à sociedade, mesmo assim, tiveram seus passaportes apreendidos para não fugirem do país. Eles têm grana, lembram?
Assim é feita a justiça no Brasil!
Que diferença, por exemplo, da Inglaterra, onde agora, com 30 anos de idade, recebeu o benefício da condicional, um daqueles meninos que foram condenados e presos quando tinham apenas 11 anos de idade. 
Crianças no Brasil, criminosos para a legislação daquele país!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mensagem


"A gente pode
Morar numa casa mais ou menos,
Numa rua mais ou menos,
Numa cidade mais ou menos
E até ter um governo mais ou menos.

A gente pode
Dormir numa cama mais ou menos,
Comer um feijão mais ou menos,
Ter um transporte mais ou menos,
E até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está
Mais ou menos...

Tudo bem.

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum,
É amar mais ou menos,
É sonhar mais ou menos,
É namorar mais ou menos,
É ter fé mais ou menos.
É acreditar mais ou menos,
Senão a gente corre o risco de se tornar
Uma pessoa mais ou menos."

 (Chico Xavier)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Copa do Mundo 2014

A escolha de Porto Alegre como uma das cidades-sede ao mundial em dois mil quatorze causou um frenesi na população. Afinal, após sessenta e quatro anos, teremos novamente jogos entre seleções mundiais em nossa cidade.
Mas o que me intriga, na verdade, é a execução de algumas obras.
Tenho pra mim que muitas destas obras foram aprovadas em Planos de Investimentos em anos idos.
A saber, Plano de Investimento é uma ferramenta do Orçamento Participativo. Este, por sua vez, foi implantado na cidade em 1989 e tem por princípio dar aos cidadãos o direito de decidir sobre obras prioritárias.
Penso então que muitas obras, que agora saem do papel já teriam sido definidas em plenárias do OP.
A Copa do Mundo em Porto Alegre inegavelmente, trará benefícios à cidade, mas o montante de dinheiro que se está injetando terá que ser fiscalizado de cima.
Há mais de vinte anos os cidadãos de Porto Alegre reúnem-se anualmente em assembleias e plenárias temáticas para decidir onde o executivo municipal deve aplicar os recursos.
O orçamento municipal, após a aprovação por parte dos nobres edis, também é apresentado aos conselheiros do Orçamento Participativo.
Cabe ao executivo municipal destinar recursos para as obras elencadas como prioritárias pelos cidadãos.
Participei por muitos anos do OP, fui delegado, pela minha região e nesses anos todos observei que as necessidades elencadas como prioritárias, não eram atendidas, passando de um PI para o outro. A desculpa clássica era a falta de verbas.
O município tem, necessariamente, que cumprir com o aprovado no OP.
Com certeza, a injeção de recursos no município por ocasião da copa oportunizará que obras paradas do OP sejam inseridas no organograma.
E a credibilidade do OP?

E Agora José? II

Era fogo de palha.
Todo o cenário montado, os discursos e até mesmo, em que pese a fatalidade, aquele malfadado incidente da parada de ônibus, me fizeram acreditar que, de fato, após seis anos, Porto Alegre teria um prefeito de verdade. Ledo engano.
Aliás, como integrante da gestão, que só assumiu por conchavos políticos, Fortunatti não poderia fazer diferente. Tinha que deixar a cidade como a assumiu.
Ao assumir, o novo prefeito veio com palavras bonitas, discurso forte e muito blá blá blá.
Eu acreditei, eu sempre acredito, achei mesmo que seria diferente. O prefeito que assumia era um recalcado por ter sido alijado do processo em pleitos anteriores pelo partido em que militava então, e esta seria a oportunidade de mostrar que estavam todos errados. Ele era capaz de assumir o Paço.
Passaram-se cinco meses e Porto Alegre continua do mesmo jeito, senão pior.
O atual chefe do executivo só sabe fazer viajar ou se envolver em discussões que não lhe dizem respeito diretamente.
Quero dizer-lhe, Sr. Prefeito, que a cidade continua esburacada, às escuras, suja e insegura.
O Sr. disse que mudaria isso, que sua gestão seria marcada por uma mudança de hábitos.
Quem sabe, o Sr. deixa a Copa um pouco de lado, pare de viajar, e olhe mais para a cidade, para a sua cidade. 

domingo, 8 de agosto de 2010

Caro Dunga

Minha solidariedade, Dunga. Tú foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tú és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tú havias ganhado tudo com o grupo que levaste à Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!
É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tú venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.
Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e complementar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho. Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: "Eu não disse...".
Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tú nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tú, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos.

Juremir Machado da Silva - Jornal Correio do Povo, 03/07/2010 

Segurança Pública

Sempre em período eleitoral, discute-se a trilogia saúde, educação e segurança.
Sempre que ocorrem crimes de repercussão, questiona-se a falta de policiais em atuação preventiva.
Debate-se segurança periodicamente a cada dois anos, pois temos pleito eleitoral de dois em dois anos. Fala-se em segurança em período de eleições municipais mesmo que os municípios não legislem sobre isso.
As respostas são as mais variadas possíveis aos questionamentos sobre a presença/ausência de policiais nas ruas. E o que mais se ouve dos responsáveis é que seria impossível ter um policial em cada esquina.
Lembrei- me disso nesta semana ao caminhar pelo bairro Praia de Belas da Av Ipiranga até a R Br do Cerro Largo.
O fato me chamou a atenção.
Havia, neste trajeto, justamente, um PM em cada esquina.
Então, a cidade pode, sim ser mais segura.
Basta ter vontade política e nossa vida será melhor, sem dúvida!    

A Volta do Curral

Quase todo político sonha com a volta dos currais eleitorais. Nada como ter um dócil rebanho à disposição. É a democracia agropastoril. A candidata Dilma Rousseff declarou que, se eleita, apostará tudo no voto em lista fechada. É a síndrome da mangueira. Quase todo político quer financiamento público e voto em lista fechada. Isso significará, para os donos dos partidos e seus amigos, não ter mais de correr atrás de dinheiro e de votos. A grana sairá dos nossos bolsos e os votos virão no pacote. Bastará colocar uma celebridade qualquer nos primeiros lugares de uma lista para puxar votos para o bando todo. O sistema atual é cheio de defeitos: privilegia os mais ricos e poderosos, aqueles que têm mais acesso aos cofres das empreiteiras e outras empresas de espírito desinteressado, e facilita a eleição de aventureiros. O sistema preconizado por Dilma e por quase todos os partidos tem muito mais defeitos ainda. Pode?
Os poderosos continuarão tendo acesso aos cofres das empresas amigas. Será a consagração do caixa dois privado . Votaremos em fulano e elegeremos mais quatro ou cinco pulhas indigestos. Hoje, em parte, isso já acontece em função do tal quociente eleitoral. Quem faz muitos votos repassa parte deles , depois de atingido o coeficiente para ser eleito, aos companheiros de partido. Vota-se em "a" e elege-se "b" de carona. Um candidato de um partido pode fazer mais votos do que o de outro e ficar de fora. O "novo" sistema é pior. Dá aos partidos o poder total de posicionar os candidatos. A solução é simples demais. por isso, certamente, não é adotada: basta fixar o número de cadeiras e declarar vencedores os indivíduos que fizeram mais votos, em ordem decrescente. Haverá quem se eleja com um milhão de votos e quem se eleja com mil. Isso já acontece atualmente. Em compensação, ninguém passará na frente dos mais votados.
Os políticos mais ardilosos dirão que um candidato eleito com 1 milhão de votos terá mais legitimidade do que um eleito com mil. É o que já acontece. Na prática, depois de eleitos, não interessa o placar. Outro argumento é de que um partido com mais votos, mal distribuídos entre os candidatos, poderá ter menos eleitos do que outro partido com menos votos, o que geraria uma distorção na representação. Conversa. Vivemos em sociedades individualistas e democráticas. Cada cabeça, um voto. Cada voto deve ter o mesmo peso e valer só para quem o recebeu. Os partidos devem ser meros sinalizadores de que as pessoas neles reunidas pensam de maneira semelhante e defendem determinados projetos. Nada que fortaleça demais os partidos pode ser bom no Brasil. Afinal, precisamos evitar a formação de quadrilhas.
Se o sistema em lista fechada for adotado, só haverá uma saída: uma nova revolução de 30. Teremos de ressuscitar Getúlio Vargas e convencer mineiros e paraibanos a nos acompanhar nessa nova aventura. Espero que os paulistas escolham o lado certo desta vez. Ou passarão mais algumas décadas longe do poder. Os revolucionários de 30 lutaram contra a fraude eleitoral, o caciquismo e as manipulações das listas. Há 80 anos.

Juremir Machado da Silva - Jornal Correio do Povo, 02/07/2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dilma quer um xaveco, o voto de lista

"Na sua entrevista ao programa "Roda Viva", a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu a convocação de uma constituinte exclusiva para discutir e votar projetos de reformas política e tributária. Acrescentou que gostaria de encaminhar essas reformas logo no início do seu eventual mandato.
No que se refere à reforma tributária, recusou qualquer compromisso de reduzir a carga que atualmente está em 32% do PIB. Ela propõe um remanejamento dos impostos que pode até dar certo.
Quanto a reforma política, foi precisa: defende o voto de lista e o financiamento público das campanhas. Por enquanto, mais nada.
Louvem-se a precisão e a sinceridade da candidata. Desde já, fica todo mundo avisado de que, se esse projeto prevalecer, a eleição deste ano será a última na qual os brasileiros votarão nominalmente nos seus candidatos à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas. Pelo sistema atual, o cidadão indica seu preferido. Às vezes ele é eleito, às vezes não. Quando um candidato não atinge o quociente de seu partido, seus votos são derramados noutro nome. Na última eleição, o paulista que votou em Delfim Netto elegeu Michel Temer. Talvez não fosse isso que quisesse, mas restou-lhe a certeza de que preferia Delfim e nele votou.
Pelo sistema de lista, os partidos arrolam os candidatos, determinando a ordem de precedência numa. O cidadão vota só na sigla. Quem defende esse sistema argumenta que assim se fortalece o sistema partidário.
É preciso muita imaginação para acreditar que, no PT presidido por José Genoíno, comandado por José Dirceu e entesourado por Delúbio Soares, as cúpulas partidárias mereciam esse crédito. O PTB, por exemplo, é presidido pelo grão-serrista Roberto Jéfferson.
O PT refluiu para a defesa da centralização das escolhas eleitorais depois que foi para o poder. Antes, realizava até prévias. Neste ano, Lula esmagou todas as tentativas de consulta às bases companheiras. Na outra ponta, José Serra detonou em silêncio a proposta de prévias defendida por Aécio Neves. (Quem sabe, começou a se arrepender.)
Duas propostas para a adoção do sistema de listas já foram derrotadas na Câmara. Isso não faz a menor diferença para o comissariado petista. Afinal, no rastro da maioria obtida numa eleição presidencial. aprovou-se até o Plano Collor.
Enquanto  Dilma Rousseff e o PT querem fechar o sistema eleitoral, na democracia mais vigorosa do mundo assiste-se a uma revolta popular contra as caciquias  dos dois partidos. Se os marqueses do Democrata tivessem o poder que lhes era dado há 30 anos, Hillary Clinton estaria na Casa Branca.
Uma miniconstituinte convocada em cima do desfecho semiplebiscitário da eleição presidencial não chega a ser um chavismo, mas será um xaveco que mudará, para pior, o formato das instituições políticas brasileiras. Pelo andar da carruagem, o resultado da próxima eleição poderá estimular um surto legiferante para otras cositas más. Ainda bem que Dilma Rousseff está expondo, desde logo, sua plataforma básica.
Em tempo: José Serra nunca condenou ou defendeu o voto de lista, pois o xaveco tem boas simpatias no tucanato."

Elio Gaspari, opinião - Jornal Correio do Povo - 30/06/2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Nova lei propõe aumento de 30% para vigias e porteiros no País

Os condomínios podem ficar mais caros no País. Foi enviado à  Câmara dos Deputados o projeto de lei 493/09, que propõe um aumento de 30%  no salário de porteiros e vigias. O reajuste consiste num adicional de periculosidade, já previsto na CLT, e que agora pode ser ampliado para empregados de condomínios residenciais. Funcionários de empresas terceirizadas também terão direito ao adicional.
O projeto, de autoria do Senador Marcelo Crivella(PRB-RJ), foi aprovado em decisão terminativa, na semana passada, pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Para garantir o adicional de periculosidade, o PL 493/09 acrescenta um parágrafo ao artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho(Decreto-Lei nº5452, de 1943).
No texto, o Sen. Crivella afirma que "tem sido uma constante no noticiário dos jornais a ação de criminosos, principalmente em prédios de apartamentos residenciais, que conseguem adentrar para a pratica de roubo e assalto, dominando ou mesmo assassinando porteiros ou vigias que se opõem à sua sanha".
De acordo com a relatora da matéria, Senadora Rosalba Ciarlini(DEM-RN), que defendeu a sua aprovação com emendas, a concessão do adicional pode não salvar vidas, mas representa uma compensação para as tensões diárias sofridas por porteiros, vigilantes e seguranças de prédios residenciais e comerciais constituídos em condomínios.
A possibilidade do aumento cria expectativas entre as categorias atingidas. "Isso virá em favor dos trabalhadores que atuam na defesa do patrimõnio de terceiros", afirmou Edison Artur da Silva Feijó, presidente do Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios, Residenciais, Comerciais e Similares do Estado do Rio Grande do Sul(SINDEF-RS). No Estado, o piso dos funcionários de edkorskyifícios é de R$576,66, acrescido de um adicional de 20% para horários noturnos.
No entanto, o adicional aprovado pelo Senado pode aumentar os gastos dos moradores de edifícios. Para o advogado Márcio Rachkorsky, especialista em direito imobiliário, a folha de pagamento já representa atualmente de 50% a 80% das despesas dos prédios. Com o adicional proposto no Congresso, o condomínio dos moradores pode ter uma elevação entre 15% e 20%. "O impacto será maior para os habitantes de prédios pequenos, com poucos apartamentos, mas com quadro funcional completo", destacou.
Segundo Rachkorsky, embora as categorias contempladas pelo aumento mereçam reconhecimento, os acordos poderiam ser feitos gradualmente com os condomínios e empresas. "Do jeito que se planeja, uma imposição de cima para baixo, ele pode até gerar demissões por corte de gastos", afirmou. O advogado acredita que o projeto não trará mudanças que aumentem a segurança dos condomínios. Para isso, seria necessário investir em treinamento para os profissionais e não somente em maiores salários.


Marcelo Beledeli - Jornal do Comércio, Economia p12, 26/07/2010.
marcelo@jornaldocomercio.com.br

MÃE

Um dia, quando os meus  filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
- Eu os amei o suficiente para ter perguntado; aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão?
- Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
- Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os fazer dizer ao dono. "Nós roubamos isto ontem e queríamos pagar"
- Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês 2 horas, enquanto limpavam o seu quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos!
- Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por por vocês, o desapontamento e e também as lágrimas nos meus olhos.
- Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
- Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
- Estou contente, venci porque no final vocês venceram também!
E qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, meus filhos vão lhes dizer quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má:
- "Sim"... Nossa  mãe era má. Era a mãe mais má do mundo. As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos de comer cereais, ovos e torradas.
- As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos de comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
- E ela obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães, que deixavam os filhos comerem vendo televisão.
- Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora: era quase uma prisão.
- Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que fazíamos com eles.
- Insistia que lhes disséssemos que íamos sair, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.
- Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis de trabalho infantil. Nós tínhamos de lavar a louça, fazer as camas, lavar a roupa, aprender a cozinhar, aspirar o chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis. Eu acho que ela nem dormia a noite, pensando em coisas para nos mandar fazer.
- Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, ela até conseguia ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata.
- Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que nós saíssemos. Tinham de subir, bater à porta para ela os conhecer.
- Enquanto todos podiam sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16.
- por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências da adolescência. Nenhum de nós esteve envolvido em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.
- Foi tudo por CAUSA DELA. Agora que já saímos de casa, nós somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "pais maus", tal como a nossa mãe foi.
- Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes MÃES MÁS...




Autor desconhecido